"Primeiro não estou bem, mas não estava só a pensar em mim. Pensei que as pessoas estão cada vez menos disponíveis para os outros e que virá um dia em que não vamos falar com ninguém. (...) Ao menos antigamente pensava-se na intimidade das pessoas."
(...)
"Sabes, Teresa, eu, para te dizer com franqueza, estou na maior aceitação. Acho que a Inês tem as suas razões mas estou preocupado é comigo. Reparo que as condições em que vivo tornaram-me o amor impossível. (...) Tenho o trabalho, a casa, os filhos mas, sem saber porquê, tudo isto se foi construindo em forma de peso, de luta, de dificuldade. Eu sei que quase toda a gente vive asim, mas eu guardo uma vontade enorme de viver com um lugar para a alegria, o sonho, a leveza, o encantamento com o mundo e julgo até que, possivelmente, essa é a melhor parte de mim. Estava convencido de que era no amor que isso poderia ser vivido e não acredito que o amor seja a repetição sucessiva do modelo conjugal. Quando vejo essa gente toda a casar e a descasar dá-me uma neura enorme. É uma total falta de imaginação esta monótona repetição dum modelo que vai deixando destroços pelas vidas das pessoas."
in "Os nós e os laços" (António Alçada Baptista)
2 Comentários:
Pois...pessoas...relações(seja de que tipo for)...ligações...desaparecimentos quanto menos se espera...incertezas...
Beijo grande
muito...muito...bonito, sim, bonito é o adjectivo correcto! Óptima escolha!:)
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