20 julho 2005

olha, à falta de mais

A evolução te destina
O destino te produz
A produção faz diferença
E a diferença vem de todos.
Somos seres mirabolantes
Com demasiados pelos nos braços
Demasiados pesos nas costas
Excessivos pensamentos
E eloquentes desgarradas
De farfalhudos gritares.
Comer, beber, continuar
A máquina não cessa nunca
No seu bater, pumpum, pumpum.
O grito de desaforo e ultraje
Trespassa as esquinas de vidro
Em que seres dormitam.
Não somos mais que ruído,
Mero som na travessa do nada
E as ruas da vida são curtas
Tão estreitas que poucas vezes
Podem passar dois.
A inconstância do tempo
E a insensatez da razão
Vão-nos puxando da irrealidade
Aqui, agora, assim
Ouvem-se pequenos foguetes
A marcha saiu a rua
E o dia está diferente.
Um foi abandonado pelos outros
O sentimento esbate-se
O tormento enlouquece quem
É obstinado e que nem besta
Se apresenta.
A peça acaba e suas palavras estoiram
Num acto de tremenda paixão
Narrada a vida de quem não foi
Fecham-se os panos
E despem-se as vestes.
Daqui, por hoje nada mais sai.

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