Charlatão vivia num mundo de manhas. Não sabia o que eram sentimentos nem verdades. Não tinha como perceber os desentendimentos da vida. Padecia de uma forte solidão enquanto rodeado de pequenas multidões inventadas. Enganava-se mentindo sobre todas as existências que conhecia, acrescentando pontos e vírgulas a histórias já de si mirabolantes. Nada conhecia para além do pequeno quadrado em que sempre vivera. De cores garridas revestia a sua ausência de vida e vivia nos dias célere com medo da morte. Perdeu-se uma vez no centro das suas esquinas e nunca mais encontrou o parafuso que lhe dava discernimento. Bebia demais, zurrava demais, destruía-se demais. Num consumo frenético de prazeres que não tinha.
por vezes este charlatão transforma-se, tomando formas reais como a minha, a tua ou a de ninguém..
por vezes o charlatão salta do seu desentendimento afogueante e cirandeia pelas vielas procurando algo mais que às coisas dê sentido..
por vezes o charlatão perde-se e esquece quem foi..
por vezes o charlatão bate com a cara no chão para depois dormir um sono inquieto..
por vezes o charlatão desaparece..
por vezes o charlatão quer ser mais que o seu mero ser..
por vezes o charlatão tem razão em querer sonhar..
1 Comentários:
leio os teus textos e sonho...
imagino o mundo que escondes dentro de ti... parece ser um mundo belo, no entanto parece ter traços frenéticos que me assustam... por desejá-los.
e assusta-me poder um dia vir a amar as tuas palavras, deste teu mundo, só teu... e por ser só teu não o quero profanar com sentimentos externos a ele, porque aí deixaria de ser o teu mundo...
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