30 março 2011

Revisitas I

Feitos para estar ou não, todos somos.
Existindo num dia a dia de inconstâncias
Abraçando-nos no peso da solidão,
Trespassando olhares na sensação de domínio
De insensatez revestindo as noites
E de memórias, enchendo o presente,
Sempre encontrado como ponte e nunca pelo que é.
Nos passos correntes da loucura, entre as presas
Da lucidez, vamos andando.
Cheios de convenções e convicções.
Um eu, descontente
Tentando mudar o futuro sem pensar no presente.
Ouçam-se as vozes das vielas e das pequenas coisas,
Dos gemidos silenciados e do riso emudecido
Está tudo aqui, ao alcance. E pela nossa condição,
Sempre distante de um gesto.
Gastando mais um sopro no tempo,
Desafiando sombras e pareceres, conformando.
A comida servida resfriada, a fome sussurrada à distância,
O tempo não é o hoje nem nunca o será.
E tudo, enfim, é rotina.

reds
covered face
fingers undone
sights parted.

waiting
for a day
of nothing,
like bukowski.

when existence
turns to dust
and greyhood
into light.

confusion
whirls of mist
waves of fog
numbness.