15 abril 2004

If it be your will

If it be your will
That I speak no more
And my voice be still
As it was before
I will speak no more
I shall abide until
I am spoken for
If it be your will

If it be your will
That a voice be true
From this broken hill
I will sing to you
From this broken hill
All your praises they shall ring
If it be your will
To let me sing
From this broken hill
All your praises they shall ring
If it be your will
To let me sing

If it be your will
If there is a choice
Let the rivers fill
Let the hills rejoice
Let your mercy spill
On all these burning hearts in hell
If it be your will
To make us well

And draw us near
And bind us tight
All your children here
In their rags of light
In our rags of light
All dressed to kill
And end this night
If it be your will

If it be your will.
by Leonard Cohen

14 abril 2004

fogo

chamam-lhe dizimador.não quer sê-lo nem que o inventem.vermelho como a paixão.qual será então a cor da razão?preto no branco vive a morte em silêncio.alguém por perto cala a mente com trôpegos pensamentos hilariantes e ao longe alguém se declara tristemente.ninguém sabe onde pertence e sem quererem saber transparecem uma melancolia que não existe.e a chama perpetua num incessante movimento quebrado.rodopia levemente uma centena de penas no ar.ninguém embala o singelo ser foragido.e não cede a chama de queimar num degelo fresco.fanatismo recorrente é o lema duma vida desmedida em que o canto não se faz sem que alguém sofra as consequências.e o incêndio flameja nos corações mais desatentos.sem alento nem misericórdia outros invejam suas sortes e criticam costumes desconhecidos.fervilhando não pára esta cor de bater.fortemente sente que está ao fim o ar que lhe dá calor.

12 abril 2004

inocente

Nada mais tenho a recear
O desalento já me atingiu
Resta-me esperar pela morte
De uma vida adormecida,
Presa num desejo permanente
De ser livre.
As riscas de um arco íris
Preso em três cores de mil tons
Lembram-me de sonhos
E girassóis sorridentes
É tudo tão bonito quando não se pensa
E a sensação permanece indolor
Enquanto a memória me arrasta
Para rios de sangue
Este sangue imundo,
Inundado de mágoas
Chora sobre a minha morte
Que pela tua chorarei eu
Perdoa-me todas as verdades
E usa-me como teu instrumento.

10 abril 2004

o quê?não se perguntem

sinto-me um bicho de talho.desfaleço num monte de cadáveres que dissecam ao longo dos dias.não sou eu quem vive.uma pele enrugada e escurecida pela dureza da vida diz que a morte está próxima e um anjo risse na sua cara.num mundo extinto,o sofrimento corrompe almas.e um sádico luta pelo que chama igualdade de direitos.uma avó mente descaradamente sobre a infertilidade das plantas e diz que nada passa de uma mesquinhice.uma voz estridente lacrimeja numa calçada deserta,pede ajuda a um pedinte desolado.o tempo consome-se em noites aflitas.e nada é verdade além do quente sangue que jorra duma ferida.talvez tivessem nascido para serem dois cavaleiros alados, lutando por ideais que submergem na vossa mente.são seres passivos dotados de uma estranha condição que não os prende à terra nem às suas humilhações.nos sorrisos humildes de quem sofre e perdoa encontra-se sempre um pouco de paz.procura algo que nunca teve e sonha com o que nunca terá.sente-se perdido num amor louco carregado de mágoas e rancores.e não pára de remar procurando um caminho incerto impossível de alcançar.outro ser mais sombrio vive na esperança de ver um dia.seu instrumento manuseia esperando que lhe traga fortunas.sorri pelo mero prazer de sorrir.nada espera em troca e com sinceridade tudo dá sempre que tira.vive um dia após outro,esperando saber quem é e onde pertence.está um passo adiante destas sombras envoltas em mistério.faz chacota do mal alheio e risse com o que não deveria.está a aprender a sentir-se gente.num olhar de soslaio mira quem não deve.sente-se superior numa inferioridade imensurável.perdeu-se num caminho em que não sabe que está.e entende que está correcto na sua cegueira sem querer conhecer a verdade.já não vivemos todos num talho nem temos que nos trinchar mutuamente.